quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

ESTOU DE VOLTA


Há muito tempo eu escrevo. Escrevo nos meus caderninhos de capa dura, em papeizinhos soltos que quase sempre perco, porque os coloco em algum lugar bem guardado, tão bem guardado, que nunca mais os encontro...

Mas já faz um bom tempo que venho tentando mudar isso, que venho pensando em escrever no computador, guardar na nuvem... Quando penso em trabalho ou estudo, não me passa pela cabeça escrever no papel, parece absurdo (e é, nos dias de hoje). Mas quando se trata dos meus escritos pessoais, tenho a impressão de que, se eu escrever no teclado, não será a mesma coisa, que não será mais aquele momento de introspecção, de conversa comigo mesma.

É essa sensação de aconchego que tenho com as palavras escritas no papel, nos meus velhos caderninhos de capa dura, usando minha caneta preferida, com a minha letra. Acontece que escrever nesses caderninhos tem um problema: eu acabo escrevendo só pra mim mesma. Então pensei que talvez seja hora (ou talvez já tenha até passado muito dela) de escrever algo de uma forma que os textos possam ser lidos por mais alguém além de mim.

Escrever no caderninho ao qual só eu mesma tenho acesso pode ser reconfortante, pode funcionar como uma terapia que me permite organizar as ideias mas, no fundo, eu quero compartilhar o que penso, o que sinto, o que me lembro da minha infância, enfim, tudo aquilo que, de alguma forma, eu possa colocar no papel (ou na tela do computador).

De que adianta escrever algo que ninguém vai ler? É claro que eu sempre tive a ideia de um dia organizar tudo o que já escrevi, de montar tudo num texto coerente, partindo de um projeto, etc. E é claro também que isso nunca funcionou porque, a verdade é que eu nunca vou parar para reler tudo o que já escrevi a fim de organizar aquela enorme colcha de retalhos em textos coerentes. Tem de tudo ali, naqueles cerca de 20 cadernos. Nem ao menos consigo encontrar um único fio condutor para levar adiante esse projeto maluco. Memórias de infância? Reflexões do cotidiano? Planos para o futuro? Crônicas? Um romance? Experiências? Aprendizados?

Não chego a nada e o projeto nunca chega a existir, muito menos a se concretizar. É tanto pensar, planejar, que nunca acontece nada de concreto. Isso tudo, somado ainda ao fato de que eu sempre tenho pra mim que ainda não estou pronta, mas que um dia, quando eu estiver realmente pronta, vou finalmente começar a escrever... (Poxa, o tempo está passando, mulher!). Um dia até tentei organizar o que está nos meus muitos cadernos e vi que tudo o que estava escrito ali já tinha, por assim dizer, “perdido o bonde nas brumas do tempo”. Eram coisas antigas, eu já era uma pessoa diferente, o mundo estava diferente.

Eu hoje olho pra alguns texto e penso: “Nossa, como é que eu podia pensar desse jeito? Quanta coisa eu aprendi desde então”. Faz parte da vida; a gente vai vivendo, amadurecendo, aprendendo e mudando a visão que a gente tem do mundo e das coisas. No fim, percebi que esses textos não passavam de mera curiosidade para filhos e netos que, talvez um dia, folheando aqueles caderninhos amarelados, pudessem ver um pouco de mim quando eu já não estivesse mais por aqui. Que coisa antiga! Rs A verdade é que acho que nem eles se interessarão por isso no futuro. Pois bem, já percebi que não dá para ser assim. Além do mais, hoje em dia, não é difícil encontrar meios de divulgar as ideias, coisa que era bem difícil quando comecei a escrever.

Naquele tempo, há uns trinta, quarenta anos, sei lá, pra que algo que a gente pensasse e escrevesse fosse lido por mais de meia dúzia de pessoas, era preciso publicar um livro. Portanto, fazia sentido, naquela época, registrar as coisas nos caderninhos, coisa que já não funciona mais assim hoje em dia e que parece tão ingênua. Então, há alguns anos, finalmente transportando-me para o século XXI (que estava em seus primórdios), resolvi fazer um blog. E o fiz. É este aqui mesmo, que inaugurei há um bom tempo. Mas, escrevi pouco, não o atualizei e, pouco a pouco, fui desistindo da ideia de escrever um blog. Na verdade, ainda era cedo pra eu entender como ele poderia funcionar.

Depois disso, esse meio de expor textos foi crescendo, eu passei a ler muitos outros blogs, conheci muitas outras pessoas que escreviam e comecei a entender melhor como eles funcionavam. O fato é que, durante um bom tempo, fiquei paralisada, parei de escrever e passei a não mais fazê-lo nem no caderninho de capa dura, nem no computador (só pra mim), nem no blog. Não escrevi nem mesmo em viagens, que era algo que eu adorava fazer. Bem, é verdade que continuei escrevendo numa postagem ou outra nas redes sociais, mas nada que tivesse qualquer semelhança com o que eu pretendia fazer um dia, pra dar vazão à minha vontade de escrever.

Minha última viagem, há cerca de dois meses, passou em branco, sem uma única palavra no caderninho que levei comigo e que voltou vazio. Tudo bem, estou contando ainda com a memória para escrever algo a respeito das experiências que vivi, que, aliás, foram muito enriquecedoras, mas preciso fazer isso logo, antes que eu esqueça tudo o que senti e que aprendi nessa experiência. Muito bem, voltando ao assunto, em resumo, o que acontece hoje é que nem uso o que eu já escrevi e nem começo um novo projeto. Travei. E não gostei nada disso.

Acho que chegou a hora de parar de pensar tanto em como escrever e simplesmente escrever. Por isso estou aqui, de volta ao blog, recuperando-o, reativando-o, tirando-o do limbo. Não, não que eu tenha finalmente um projeto. Não foi por isso que resolvi voltar. Meu único projeto é que vou escrever o que me der vontade, transformando este espaço num lugar onde tanto pode surgir um texto falando da minha infância, como um sobre uma lembrança de viagem, ou outro falando de um evento cotidiano.  A verdade, confesso, é que tenho muito a dizer, mas nunca gostei muito de me expor. É essa a razão principal que tem me impedido de escrever num blog. Mas como criar algo e não mostrar aos outros? Sim, porque o texto é uma criação. No entanto, não é de se espantar que isso ocorra, partindo de uma pessoa que pinta aquarelas e as guarda na gaveta.... É, pois é...

Mas, enfim, estou aprendendo, estou aprendendo... Ah, geralmente eu escrevo textos muito longos. Acho até que poucos terão paciência de ler o que eu escrevo, mas eu resolvi que não vou me impor limites, pois já fiz isso durante muito tempo e o resultado foi que... nada aconteceu. Portanto, decidi que vou escrever! Apenas escrever (acho que vou usar isso como título para o blog... ) Escrever o que me der vontade: uma lembrança qualquer, um sentimento, uma reflexão. Textos longos (sei que é o que vai acontecer com mais frequência), mas poderão também ser textos curtos, frases... Sei lá, o que vier na telha. Em primeira pessoa, terceira, crônicas, depoimentos, opiniões, reflexões, lembranças. Não importa! Isto aqui vai virar uma verdadeira miscelânea, um (des)organizador de ideias. Já não quero mais saber o que vai ser. Apenas será. OK, mãos à obra! Meu materializador de ideias começa agora!

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Escrito e publicado por Christine Jz.

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